Se o mais seguro é manter distância, então que ela não seja uma barreira para o cuidado às pessoas com deficiência. É com esse propósito que os profissionais do Centro Especializado em Reabilitação (CER) estão explorando ao máximo os recursos tecnológicos para manter a assistência aos pacientes do serviço, desenvolvido pela Secretaria de Saúde de Barueri dentro da SDPD (Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência).
Plataformas de videoconferência como o Hangouts, Whereby e Skype estão permitindo o contato constante dos profissionais com os pacientes durante esse período de quarentena causado pela pandemia por coronavírus. Aplicativos de conversa, como o WhatsApp, também têm diminuído a distância e mantido as orientações em dia.
A equipe tem apostado na produção de vídeos com os exercícios que os pacientes precisam continuar fazendo em casa, e o recurso ajuda bastante para que não sejam cometidos erros que prejudiquem o tratamento. Outras plataformas, como o Google Drive e o Google Fotos, por exemplo, também têm sido bastante úteis nessa troca de conteúdos e informações. E o bom e velho telefone não fica fora dessa lista cheia de inovações, já que garante o teleatendimento periódico dedicado a esses usuários.
“Os vídeos são a melhor forma de exemplificar o exercício, assim o paciente e o cuidador conseguem reproduzir com maior assertividade o proposto pelo terapeuta. Além disso, muitos pacientes dizem que a sensação de que não estão sozinhos e que o terapeuta praticamente está dentro de sua casa, a interatividade, a calma e as repetições contidas nos vídeos fazem com que o paciente realize os exercícios como se estivesse no CER”, justifica a diretora do serviço, Alexandra Cristiane Nogueira Ribeiro.
Ela conta que a aceitação por parte dos pacientes foi unânime, levando a equipe a ficar ainda mais motivada para explorar os recursos e reinventar-se. “Todos os pacientes recebem muito bem as orientações. Notamos a diminuição da sensação de abandono, ansiedade e pavor, não somente com relação à pandemia, mas também no que se refere à deficiência. Muitos pacientes deixaram de procurar os serviços de urgência e emergência em virtude das orientações recebidas, evitando, dessa forma, sobrecarregar os prontos-socorros. A sensação foi de amparo, segurança e preocupação com o indivíduo, fortalecendo assim o vínculo do usuário com o serviço”, descreve a diretora.
Letícia Takahashi dos Santos, mãe do pequeno Daniel, de 4 anos, portador de AME (Atrofia Muscular Espinhal tipo II), confirma isso. A criança está sendo monitorada por telefone e videoconferência pela equipe do CER.
“De certa maneira ele continua com a ‘rotina’ que ele tinha, principalmente quando o atendimento é com vídeo, porque ele pode amenizar a saudade das terapias e dos profissionais”, diz Letícia. Ela apoia a utilização desses recursos tecnológicos, pois é uma maneira de dar continuidade à reabilitação. “Muitas vezes temos outras preocupações e um telefonema perguntando pontualmente sobre o tratamento tem ajudado bastante”, afirma.
Missão: cuidar
No CER, Daniel faz fisioterapia motora e respiratória, terapia ocupacional e fonoterapia há três anos. Letícia diz que a evolução desde que os tratamentos começaram é grande e não economiza elogios ao serviço e a toda equipe. Segundo ela, o pequenino desenvolveu maior fortalecimento muscular como um todo, melhor controle de tronco e cervical, assim como coordenação motora, capacidade respiratória, dentre outros.
O contato com os pacientes ocorre semanalmente ou de acordo com a necessidade, já que alguns casos exigem uma frequência maior. Todos os profissionais envolvidos no cuidado realizam a assistência. Os pacientes também utilizam esses canais para enviar vídeos aos terapeutas, que avaliam e fazem correções sempre que necessário. O acompanhamento inclui a observação de sintomas relacionados ao novo coronavírus em pacientes e membros da família, com o fornecimento de toda a informação técnica de como proceder.
A diretora Alexandra explica que todas as modalidades de atendimento adotadas após a pandemia são devidamente autorizadas pelos conselhos de classe. Além disso, a equipe permanece a postos. “Ao perceber que o paciente necessita de qualquer intervenção, é convocado a comparecer no CER em horários escalonados para que não haja aglomeração, podendo ser avaliado e/ou tratado pessoalmente. Todos os atendimentos são sigilosos e registrados nos prontuários”, detalha.
Outra forma de garantir que os usuários não tenham prejuízo funcional é a confecção de materiais informativos (cartilhas e fôlderes) enviados por e-mail, bem como produção de vídeos na qual a equipe demonstra na prática os exercícios que devem ser reproduzidos em casa.
Sobre o CER
Conforme explica Alexandra, “o CER é um ponto de atenção ambulatorial especializado em reabilitação que realiza diagnóstico, avaliação, orientação e estimulação precoce, constituindo-se em referência para a rede de atenção à saúde no território”. Em Barueri, o CER atende a três modalidades de deficiência: física, auditiva e intelectual.
Ligado à Coordenadoria Geral de Assistência Especializada, o CER nasceu em junho de 2017 e conta com 50 profissionais atuando nas áreas de fisiatria, fisioterapia motora, fisioterapia respiratória, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, serviço social, nutrição e enfermagem. Eles atendem mil pacientes por mês.
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