Na manhã de terça-feira, dia 11 de novembro, ocorreu no auditório da Fatec o “Simpósio Uso Racional de Antimicrobianos”, uma iniciativa da ATPCIRAS (Área Técnica de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde), da Secretaria de Saúde de Barueri. “A OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu, em 2012, a resistência antimicrobiana como uma das principais ameaças à saúde pública no século XXI. Estudos mostram que mais de 700 mil pessoas morrem anualmente em decorrência de infecções causadas por microrganismos resistentes. Sem uma ação rápida e responsável, esse número pode chegar a 10 milhões até 2050”, revela Sílvia Beatriz Valdivia Gomez de Matos, responsável técnica da ATPCIRAS.
Ela diz que os profissionais de saúde do mundo devem ficar cada vez mais atentos a este fato, e em Barueri não é diferente. “O objetivo deste simpósio é capacitar nossos profissionais na identificação de padrões de resistência antimicrobiana, orientá-los sobre os perigos e os mecanismos de desenvolvimento desses microrganismos e destacar seu impacto na saúde. Além disso, buscamos promover boas práticas na prescrição de antimicrobianos”, complementa Sílvia.
O que é RAM?
A Resistência Antimicrobiana (RAM) ocorre quando microrganismos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas, tornam-se imunes aos medicamentos administrados para combatê-los. O uso excessivo e inadequado de antibióticos, além de comprometer a saúde das pessoas, desacelera o avanço da medicina e exige altos investimentos em pesquisas para o tratamento dessas infecções. Estima-se que esses custos já tenham causado um déficit de cerca de R$ 3,4 trilhões no PIB mundial.
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One Health
O conceito “Uma Só Saúde” (One Health) parte do reconhecimento de que não basta tratar apenas os seres humanos, deixando de lado o meio ambiente e os animais — domésticos ou silvestres —, dada a interconexão entre todos esses elementos. Essa abordagem requer integração e colaboração entre diferentes setores para prevenir e mitigar os efeitos da resistência antimicrobiana.
O desafio, porém, é grande, já que ainda falta conscientização da população até em questões simples, como o descarte correto de embalagens de medicamentos (vencidos ou não). Em alguns municípios, há poucos pontos de coleta, o que desestimula o cidadão e o leva a descartar os produtos junto com o lixo comum.
Outros entraves vêm de diferentes setores: empresários que relutam em adotar práticas mais sustentáveis por receio de reduzir seus lucros; profissionais de saúde que não se atualizam; e governantes negacionistas, que retardam a implementação de políticas eficazes.
Os palestrantes
Valderi Luiz dos Santos, farmacêutico da Secretaria de Saúde de Barueri, abordou o tema “Fatores Envolvidos no Surgimento da Resistência Antimicrobiana”.
Gustavo Canesso Bicalho, médico-veterinário da Secretaria de Saúde de Barueri, apresentou “Impacto da Utilização Veterinária de Antimicrobianos na RAM: Uma Perspectiva de Saúde Única”.
Natalina de Oliveira Costa, bióloga da Secretaria de Saúde de Barueri, falou sobre “Impactos da RAM no Meio Ambiente”.
Ana Cândida Mayer Ilhan, biomédica e coordenadora do Instituto Cisne, explanou o tema “Mecanismos de Resistência a Microrganismos”.
Alice Siniauskas, bióloga e coordenadora do Centro de Diagnósticos Biomega, tratou de “Interpretação do Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos”.
O evento contou com duas rodadas de debates entre os expositores, que esclareceram diversas dúvidas dos profissionais de saúde. Entre as sugestões práticas apresentadas, destacou-se a ampliação dos pontos de coleta de embalagens de medicamentos — incluindo as Unidades Básicas de Saúde e as escolas da rede municipal, locais frequentemente visitados pela população de Barueri.
Questões mais complexas, como a adoção de novos protocolos médicos e o estímulo à prescrição de medicamentos genéricos cujas patentes já expiraram, também estiveram em pauta.
O próximo simpósio sobre o mesmo tema será realizado no dia 18 de novembro (terça-feira), a partir das 13 horas, no mesmo auditório.
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